Reflexões sobre a felicidade

Já faz um tempo que tenho me sentido tão feliz que estava com vontade de compartilhar. Mas escrever por escrever podia ficar meio vago e parecer meio forçado. Então comecei a observar o porquê de tanta felicidade. E vou ver se consigo convencer ou fazer as pessoas perceberem que elas também são felizes.
Vocês devem estar pensando agora: Tá, mas isso aqui é um blog de viagem ou você tá pensando que é de auto-ajuda?
Explico. Acho que a cada viagem, mudo a percepção das coisas a minha volta. Exemplos:
– Por que só as fotos de comida de viagem merecem fotos no Instagram? Será que os restaurantes daqui não são bons? Será que as minhas comidas não são boas? Ou bonitas?
– Será que a minha cidade não é bonita? O sol é diferente? As nuvens são diferentes? Tudo é realmente feio e sem graça que não merece a minha apreciação?
– Será que a minha casa não é legal e não merece fotos ou que eu aproveite e tenha momentos ótimos e tão agradáveis quanto um resort?
Algumas pessoas acham que eu publico coisa demais ou que eu publico coisas que não interessam meus leitores. O que o leitor do blog vai querer saber que eu tenho uma churrasqueira na varanda? Ou que eu comprei sapatos ou mudei a cor do esmalte? Será que vou levar um “unfollow” no Instagram por causa disso? Ou vou perder alguma parceria interessante porque tem uma monte de coisas aleatórias no meu Instagram? Não sei, pode ser, talvez eu crie um Instagram só para o blog. Por enquanto isso não me preocupa, blog é algo pessoal, tem uma pessoinha aqui que tem uma vida normal de trabalhadora assalariada.
Depois das justificativas, vamos, finalmente, às reflexões:
– Quarta passada em São Paulo, estava numa cantina comendo massas e soltei uma frase mais ou menos assim (Ale, se lembrar coloca aí nos comentários): “Eu sou tão feliz… quando eu como macarrão.” Não era só o fato de ser macarrão, podia ser churrasco, pizza, hamburguer… Mas era o fato de poder estar num lugar legal, num feriado, com pessoas legais, algumas que eu nem conhecia direito, tomando vinho, comendo bem, sem maiores restrições. Ok, estou gorda, não estou totalmente satisfeita com o meu corpo, mas não tenho alergia a glúten, a carne vermelha, a amendoim, ou a qualquer coisa que eu goste de comer. Não tenho pressão alta, problemas no fígado, etc. Acho que é motivo para agradecer a Deus… Não estou dizendo que quem tem algum destes problemas deve ser infeliz, ok? É só uma questão de ver o lado bom das coisas… Que quando tá tudo bem, a gente esquece. Só quando perde é que se percebe que faz falta.
– Domingo passado quando estava descendo a serra fiquei observando como a paisagem é bonita e como isso me inspira. Alguns trechos da Imigrantes, antes dos túneis tem paisagens fantásticas com outros morros, as ilhas, os prédios de Santos, São Vicente e Praia Grande. O sol estava brilhando nas cidades e havia algumas nuvens no céu. Muitas vezes tem neblina ou eu estou dormindo, mas todas as vezes que vejo esta paisagem eu realmente penso que não é preciso ir longe para ver paisagens bonitas. É só abrir melhor os olhos ou a mente.
– Falando da mesma serra, ela me encanta quase todos os dias. Digo quase por causa dos dias chuvosos que atrapalham a visão. Mas nos dias de sol, ou com poucas nuvens, ou mesmo com neblina na serra, acho íncrível chegar no trabalho e dar de cara com “a muralha”. Eu adoro morros e montanhas, minha vontade é sempre de me embrenhar na mata e sair andando. Quando estou chegando na refinaria de ônibus, o motorista coloca uma música para a gente acordar e eu vejo a serra. É tão bom! Ok, segunda-feira dá aquela síndrome de Garfield, mas mesmo assim é bom.
– Já que o assunto foi parar na refinaria. Acho que a gente tem que trabalhar com o que gosta. Apesar de adorar viajar, acho que me falta um certo marketing pessoal para virar blogueira profissional. Já pensei várias vezes no assunto, mas não sei me vender, vender o blog… Sou engenheira mesmo. E gosto. Estes dias precisei repensar no que faço todos os dias. Apareceu uma oportunidade de me inscrever para trabalhar em outra função. Com maior salário e mais folgas, ou seja, mais viagens! Pensei, pensei, pensei e percebi que gosto do que faço. Não mexe em nada que tá bom. Dou risada, almoço tranquila, faço poucas horas extras, viajo, dou aula, posso estudar, fiz mestrado, participo da organização de algumas coisas legais, grupos de trabalho, etc. Tem parte chata, burocracia, cobrança? Tem, claro. É trabalho, se o blog virar trabalho vai ter as mesmas coisas.
– Outra coisa que me deixa feliz é chegar em casa. Todos os dias abro um sorriso quando entro no meu apartamento. Eu comprei, com meu dinheirinho. Estou arrumando do meu jeitinho. É uma realização. Muitas vezes pensei em comprar algo pequeno, qualquer muquifo só para não me endividar e poder continuar viajando sem receios. Agora eu sei que tomei a decisão certa de comprar um apartamento onde eu me sinta bem, só tenho 30 dias de férias no ano. Salvo alguns finais de semana e feriados, é aqui eu vou passar os meus dias, é aqui eu eu tenho que me sentir bem. E me sinto.
Espero não ter ofendido ninguém. Não quero me exibir e nem despertar inveja. Minha vida não é perfeita, por exemplo, eu moro longe da minha família. Estou quase sempre sozinha. Quando fico doente é horrível, mas faz parte das escolhas que eu fiz. Entre elas a de estar solteira. O que me lembrou aquele artigo da incrível geração de mulheres bla bla bla… Este artigo foi outra coisa que me fez avaliar a minha vida e todas as respostas a ele também. Não gosto de estereótipos de nada, tem gente de tudo que é jeito. Concordei com algumas coisas, discordei de outras, então nem vou entrar no assunto. Só sei que o motivo de eu escrever isso, foi fazer as pessoas enxergarem o lado bom de todas as pequenas coisas da vida. E que se eu encho o meu Instagram, Facebook, Twitter e Blog de coisas que eu acho legal, engraçado ou bonito não é para mostrar uma vida perfeita fictícia, mas sim para deixar a vida de todos mais feliz e que a felicidade pode estar num simples prato de macarrão feito em casa.
(acho que se eu reler, vou querer apagar, então vai sem cortes da editora)

 

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