Londres

Como o solo dos aeroportos pertence à mesma categoria das “águas internacionais”, Londres é a primeira cidade européia, na qual, eu pus meus pés. Ainda lembro o deslumbramento que senti, apesar de meu pobre estado transtornado (ou deveria dizer trans-sonado). Do trem, que me levou do aeroporto até o centro de Londres, meu olhar vagava por aquela sucessão de casinhas vitorianas, e quase fiquei decepcionada por não ter topado com nenhum Mr. Darcy no vagão…Ela, entretanto, não desapontou! Eu sei que existe uma turma que não nutre muita simpatia por Londres. Acho que o seu clima úmido, a sua moeda forte e a afamada frieza dos súditos da rainha não contribuem positivamente para a reputação da cidade, mas, se você resolver dar-lhe uma chance, não creio que vá se arrepender…

Vista da London Eye.


Existe tanto, mas tanto para se fazer na cidade, que eu posso esboçar rapidamente roteiros para cinco, sete, dez dias.  Outro bom motivo para se ir a Londres é que suas atrações mais bacanas são de graça. Sim, a cidade tem fama de ser cara, mas os seus melhores museus, que estão entre os melhores do mundo, não cobram ingressos.


Visualizar Roteiro em Londres em um mapa maior
Segue o meu relato desta viagem, feita em 2006. Este post é baseado no “Diário de Bordo” que mantínhamos na época. Por isso, perdoem-me, se o texto não estiver tão detalhado, mas as notas e a memória, às vezes, nos falham… =) Vamos, então, aos fatos e às fotos…1° Dia

Aviso aos navegantes: se você dispõe de menos tempo na cidade, “pule direto para a casa 2”, porque começamos a “fazer Londres” por atrações secundárias e, definitivamente, não essenciais – embora, é claro, tenham sido divertidas! =)

Na primeira manhã em Londres, resolvemos fazer um reconhecimento da cidade usando um Sightseeing Tour. Parênteses: embora seja uma forma cara e bem “turística” de se ver uma cidade, estes ônibus de dois andares podem ser bastante úteis, particularmente em duas situações: quando você dispõe de pouco tempo, ou quando se trata de uma grande metrópole. No caso de Londres, havia uma vantagem adicional: um passeio de barco pelo Tâmisa incluído no passe. Em muitas cidades, os tickets podem ser comprados para períodos de 24, ou 48h, e você pode subir e descer do ônibus quantas vezes quiser (por isso, são chamados de hop on/ hop off).

Decidimos fazer nossa primeira parada no Museu de Cera da Madame Tussaud. Uma experiência interessante, especialmente se você não visitou nenhum museu de cera. Como  este museu fica próximo à 221B Baker Street (e meu marido é fã do Arthur Conan Doyle), acabamos, também,  fazendo uma visita à “casa” do honorável senhor Sherlock Holmes. Como eu disse, desnecessário, mas divertido…

Madame Tussaud´s

 

221B Baker Street

Após uma pausa para almoço em algum ponto da Oxford Street, seguimos para a beira do Tâmisa, onde tomamos um barco. Este foi um dos pontos altos do dia! Embora o tempo estivesse meio frio, pois era início de maio, havia sol (com nuvens) e, eu admito, tivemos sorte…

O barco nos deixou nas proximidades da Torre de Londres. Ali, aproveitamos para fazer uma das visitas guiadas, incluída no ingresso, com os Yeoman Warders (também conhecidos por Beefeaters), ex-oficiais militares que “guardam” a Torre. Foi uma experiência incrível! Tanto que perdemos um pouco a noção do tempo. Além disso, a Torre é composta de vários prédios e exposições, que podem ser visitados, o que acaba tomando ainda mais tempo… Anota, aí: White Tower (Torre Branca), Jewel House, onde se pode ver as jóias da coroa, o Arsenal Real, com uma coleção de armas e armaduras, a Capela de São João Evangelista, o Traitors´ Gate (Portão dos Traidores), etc.

Torre de Londres

Terminamos o dia fazendo o circuito do hop on/ hop off, jantamos em um pub nas proximidades do hotel e fomos descansar (e massagear os pés!), pois o dia seguinte nos aguardava…

2° Dia

Após nos munirmos de passes de metrô para três dias, tomamos o “tube” em direção à Trafalgar Square. Novos parênteses: o metrô de Londres proporcionou mais motivos de deslumbramento. Para quem conviveu com as malhas de metrô de São Paulo e do Rio, a oportunidade de “desaparecer magicamente” em um extremo da cidade e “reaparecer” em qualquer outro ponto que eu quisesse era quase boa demais para ser real… É bem verdade que a rede de Londres é antiga e já está subdimensionada para a atual demanda, mas ainda me maravilha a sua extensão.

Trafalgar Square

 

Coluna de Nelson

Após muitas fotos da praça e dos entornos, já era hora de conferir a National Gallery. As horas que gastamos lá passaram quase sem sentirmos, pois o acervo deste museu é de tirar o fôlego! As pinturas começam no início do Renascimento e vão até os impressionistas. Da Vinci, Velásquez, Caravaggio, Rembrandt, Monet, Van Gogh e muitos outros estão representados nesta, que é uma das mais respeitáveis coleções do mundo. E o melhor de tudo: o ingresso é grátis!

National Gallery

Uma boa opção de passeio, a partir da Trafalgar Square, é seguir pela The Mall e através do St James Park até o Palácio de Buckingham. É uma caminhada relativamente longa, mas o parque e a vista do palácio vão compensar o esforço. Se você quiser conferir a troca da guarda (coisa que eu só fiz em minha segunda viagem à Londres), chegue cedo, pois o local enche de turistas ansiosos pelo melhor ângulo. A cerimônia da troca da guarda acontece todas as manhãs, às 11h30min, entre maio e julho e, em dias alternados, no restante do ano. Vale a pena dar uma olhada, mais pelo inusitado de se presenciar um evento de tamanha pompa e circunstância…

Troca da guarda

 

Big Ben

Após o almoço em outro pub, seguimos para fazer mais fotos do imperdível Big Ben e do Parlamento e atravessamos a Westminster Bridge para conferir outra atração de Londres: a London Eye. As libras gastas para subir na roda gigante mais do que compensaram, pois a vista que ela ofereceu do Tâmisa e da cidade não vão sumir nunca da minha memória. Eu já mencionei que o dia estava ensolarado?

London Eye
Cabine da London Eye.

Ainda sobrou um tempinho para uma visita à Abadia de Westminster, por dentro e por fora.  A bela abadia medieval é local da coroação dos monarcas britânicos desde 1066 (!). Vários deles estão enterrados entre suas paredes. Parada obrigatória para os interessados em história… Aproveitamos um fim-de-tarde às margens do Tâmisa nos Victoria Embankment Gardens. Depois disso, apenas jantar e hotel, porque ninguém é de ferro…

Abadia de Westminster

3° Dia

Eu gosto de visitar os grandes museus pela manhã, logo após a sua abertura. As vantagens são várias: o museu está mais vazio, a maioria dos grupos ainda não chegou, eu estou mais descansada e disposta e, principalmente, meu olhar ainda está “fresco”. Algo que eu percebi nesta minha primeira vinda à Europa é que, ao longo do dia, vamos nos “dessensibilizando”. Vemos tantas coisas interessantes que, com o passar das horas, deixamos perceber o belo… Seria uma pena eu não apreciar uma obra, apenas porque meus pés doem, ou estou com fome, ou vi outras 35 coisas bacanas no mesmo dia!

Bom, voltando a Londres, começamos o terceiro dia com o inigualável British Museum. Preciso mencionar que passei horas lá dentro? Que a coleção é fascinante e que inclui tudo que o Império Britânico conseguiu amealhar, enquanto foi a nação mais poderosa do planeta? E que o prédio é lindo? E que o Great Court (um anexo com cobertura de vidro) é fabuloso e estupidamente fotogênico? Ah, eu já mencionei que a entrada é grátis? Antiguidades egípcias, gregas, romanas, orientais, artefatos de povos nativos dos quatro cantos do globo, tudo encontra espaço neste museu. Então, anota aí: o British Museum é o museu de Londres, ok?

Great Court do British Museum.

Neste dia, lanchamos no café do museu e, de alguma forma, ainda encontramos forças para encarar outro programa imperdível de Londres: o Imperial War Museum (o Museu da Guerra). É uma viagem no tempo e uma aula de história. Muito bom mesmo! Pena que eu já estivesse meio cansada e que não dispuséssemos de muitas horas. Definitivamente, vale o ingresso… Especialmente porque é de graça! =)

Imperial War Museum

Voltamos do museu em um dos tradicionais double decker buses e jantamos em um pub nas cercanias do hotel. Parênteses: o passe de três dias que havíamos comprado cobria também os ônibus.

4° Dia

Este seria nosso último dia inteiro na cidade, então tínhamos de correr para ver outras tantas coisas que considerávamos obrigatórias… Começamos a maratona com a St Paul´s Cathedral. Esta igreja magnífica é considerada a resposta anglicana à Basílica de São Pedro, no Vaticano. Algumas pessoas podem se interessar em saber que esta catedral foi palco do espetáculo, digo, casamento entre Lady Diana e seu príncipe Charles. Você pode acessar seu domo estupendo, subindo 259 degraus (!). Neste ponto, você terá atingido a Whispering Gallery (Galeria dos Sussurros). Aí, acontece um fenômeno acústico que justifica o nome, e que eu testemunhei pessoalmente: as palavras sussurradas contra as paredes da galeria podem ser ouvidas do seu lado oposto. Acima da Galeria dos Sussurros, há mais duas galerias: 378 degraus (!) levam você até a Galeria de Pedra (Stone Gallery) e subindo 530 degraus (!) você atinge a Galeria Dourada (Golden Gallery). É, vida de turista é dura, não há dúvidas… =) Ah, a cripta também guarda algum apelo, embora visitas a túmulos, cemitérios e mausoléus sempre tenham um quê de mórbido.

Catedral de St Paul

Saímos da St Paul´s para nos dirigirmos a uma outra igreja, a Temple Church. Graças ao Código Da Vinci, meu marido havia sismado que não podíamos deixar de ver a tal igreja dos templários. A igreja, de formato circular, foi construída no século XII e abriga efígies (atenção, não são tumbas!) de cavaleiros templários.

Após conferirmos o “Templo Templário”, seguimos para o Museu de História Natural. Este museu nasceu em torno das peças trazidas por Charles Darwin e pelo botânico Joseph Banks, que acompanhou o capitão James Cook em sua viagem de circunavegação.  Se esqueletos completos de dinossauros, ossadas de hominídeos, galerias inteiras tratando sobre todos os tipos de animais, geologia, gemas e outros tantos temas relacionados à História Natural não têm nenhum apelo para você, talvez ainda exista um argumento que o convença a conhecer este museu: a arquitetura. O prédio do museu, todo decorado de acordo com os objetos de seu acervo é, certamente, uma atração à parte. Ah, este museu também é de graça. Para completar, ao lado fica o Science Museum e, cruzando a rua, está o Victoria and Albert Museum.

Museu de História Natural

Nossa despedida de Londres foi mais do que apropriada: um pint (cerca de 500ml) de cerveja em outro pub da cidade.

Tower Bridge

No dia seguinte, tomaríamos o trem para Paris.

Mais detalhes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Londres

Como chegamos
Voo São Paulo-Londres (TAP)

Onde ficamos
Cinco noites no Darlington Hyde Park Hotel. Localizado em Sussex Gardens, este hotel pode ser uma boa opção para aqueles que desejem usar o Heathrow Express (o terminal fica na Paddington Station). Trata-se de uma casa vitoriana transformada em hotel. É limpo e tem um bom café-da-manhã “britânico”.

O que compramos
Como estávamos in love with the tube, não resistimos e compramos uma camiseta com o mapa do metrô… Mas opções de souvenirs certamente não vão faltar: camisetas com frases como “Mind the gap“, ou “Underground“, miniaturas de double decker buses, ou do Big Ben, enfim, a lista é longa.

2 comentários

  • Fabíola, considero a visita ao Museu de História Natural imperdível. Achei que seria uma visita sem grandes atrativos, mas me surpreendi com o que vi. Muitas crianças e mães com bebês encantados com o Tiranossauro Rex em tamanho natural, com movimentos e que parecia real. Esse museu e o British Museum são imperdíveis. E o melhor: de graça!

  • Oi, Denise!
    Eu amei os dois museus! Sabe, uma das coisas que eu acho mais bacanas na Europa é ver como as crianças aproveitam a imensa oferta de cultura disponível. Os museus não são lugares mofados e cheios de velharias, são, sim, laboratórios repletos de *experiências*… E as crianças, mais do que qualquer um de nós, são muito receptivas ao novo…

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