El Chaltén – 1° Dia – Laguna Torre

O primeiro dia em El Chaltén já tinha um grande desafio: trekking à Laguna Torre. Foi a minha primeira trilha e com alguns agravantes: sem guias, sem companhia, numa região fria, não plana e muito longa! Eu nunca tinha feito trilha na vida, fora alguns passeios em volta da Hosteria Lago Grey em Torres del Paine, ou uma outra no Rio de Janeiro que era praticamente asfaltada. E estas eram de pouca duração. O previsto para a Laguna Torre são 3h de El Chaltén até a Laguna e mais 30 minutos até o Mirador Maestri. E depois o retorno. Com direito a subidas, descidas, pedras, chuva, neve, vento, sol, etc…

 

Eu fui pela esquerda!
Levei alguns mapas diversos que encontrei na internet, um GPS de mão do meu pai e eu já vinha treinando com o Nike+GPS para iPhone desde dezembro. Para esta trilha o sinal do GPS estava forte e gravou todo o trajeto. Veja na figura abaixo, as partes vermelhas são as mais lentas, indicam as subidas e as paradas para lanche/almoço/descanso/contemplação. El Chaltén está à direita e a Laguna Torre à esquerda.
Trilha marcada no Nike+ com o GPS do iPhone.

Acompanhe com as fotos como foi esta caminhada!

Atrás das casas da foto abaixo está o início da trilha, é possível ver uma marquinha na grama, da esquerda para a direita e a plaquinha indicando a trilha lá em cima. Para entrar no Parque Nacional Los Glaciares em El Chaltén não é preciso pagar, ao contrário de El Calafate.
O primeiro “morrinho”
A placa indicando que você está entrando no PN Los Glaciares

 

E a trilha segue nesta direção, não é muito animador: só subidas.

 

Mais uma placa indicando as regras de conduta e com um mapa do parque.

 

Primeira visão do Cerro Solo, para começar a ficar animada!

 

Chegando ao Mirador Torre e a primeira visão do glaciar. Mas nada do Cerro Torre.
Esta neblina na direção do final da trilha é um spray de chuva e água da Laguna, quando o vento ficava muito forte, dava para sentir as gotinhas.
Arco-íris!

 

Os morros iniciais acabaram agora a trilha fica mais plana!

 

Com direito até a um bosque que amenizava o vento.

 

Depois a trilha de aproxima do Rio Fitz Roy

 

Nesta parte o vento era tão forte que eu parava e esperava ele reduzir para dar o passo seguinte, com direito a muito água e terra junto com ele.

 

Alguns outros cerros

 

Última parte da trilha, atrás daquele morro de terra está a Laguna Torre.
Esta última parte foi bem complicada. Como tem areia em volta da Laguna, o vento arrasta muita coisa, fica difícil seguir a caminhada. Tive em enrolar todo o cachecol no rosto até o limite inferior do óculos e a touca enterrada na cabeça até o limite superior do óculos.
Primeira tentativa de foto.
Estava praticamente impossível de chegar na beira da Laguna, o vento arrastava tudo que era coisa, até eu! Fiquei com muito medo de ser atirada longe a cada vez que tirava um pé do chão para tentar dar um passo na direção da laguna. Uma família que estava caminhando na minha frente, ficou quase que o tempo todo escondida atrás de uma pedra. Uma outra menina que havia passado por mim na trilha também voltou correndo. Eu parei um tempo com medo até de sair do lugar, quando a família saiu de trás da pedra eu fui para lá me proteger. Tirei um dos filtros da lente, para ela voltar a ficar limpa, aguardei um pouco observando o vento, gravei um depoimento com a câmera do iPhone e parti para mais uma tentativa. Nada, no primeiro segundo a lente molhava inteira. Não conseguia proteger a lente e me segurar com os bastões de trekking. Voltei para a pedra, sequei a lente, tirei a mochila, deixei os bastões e parti para mais uma incursão, consegui fazer as fotos abaixo. Morrendo de medo de ser atirada no chão e ficar com a cara arrebentada nas pedras, desisti de descer até a água. Neste momento estava chegando uma família de pai, mãe e duas crianças entre 6 e 10 anos, acho que eram franceses, indiquei para eles a pedra esconderijo, juntei minhas coisas e fui em busca de um lugar calmo para almoçar. O Mirador Maestri e a visão do Cerro Torre ficaram para uma próxima viagem.

 

 

 

Descansei uma meia hora no Acampamento De Agostini. O nome do acampamento é uma homenagem ao Padre De Agostini que participou da primeira travessia do Campo de Gelo Sul, desde o Glaciar Viedma até o Oceano Pacífico (e o retorno). Demais não? Foi em 1931 com vestimentas e equipamentos precários. Fiquei com muita vontade de fazer isso… Acho que meu cérebro congelou quando estive na Laguna. O cérebro eu não tenho certeza, mas a minha câmera sim, quando estava tentando fazer as fotos, ouvia a pobrezinha tentando fazer o autofoco e nada mexia. Acho que o motor não quebrou por pouco. Mudei para modo manual e ajustei um foco na mão na última tentativa de fotos.
Regras de conduta no acampamento

 

No começo do retorno uma parada para encher as garrafas de água

 

E rumo a El Chaltén

 

Laguna Torre
Última olhadinha no Glaciar Torre

 

Uma amostra das subidas da trilha

 

Uma amostra da quantidade de pedras na trilha

 

E uma amostra de descidinha nas pedras: haja joelho!!

 

Voltando para o dia lindo que estava fazendo em El Chaltén

 

Detalhe do Rio Fitz Roy laaaaá embaixo

 

E El Chaltén está logo ali embaixo

 

Voltando ao início da trilha

 

E voltando à Hosteria Koonek para descansar (ela está no finalzinho desta rua)
O que levar para uma trilha destas
  • Como eu disse, levei mapas impressos que encontrei na internet antes da viagem, olhei bem no Google como era o terreno, peguei mapa na secretaria de turismo na rodoviária, levei um GPS e o iPhone com GPS.
  • Vestimenta: bota de trekking, calça forrada, camiseta, blusão, casaco impermeável, gorro, luvas, cachecol e óculos de sol. Utilizei todos!! Perto da geleira é muuuuuiiito frio!!
  • Alimentação: barrinhas de cereal e/ou frutas para lanchinhos, eu levei um mega sanduíche de milanesa para o almoço (baguete com um bife a milanesa, alface e tomate), um suco ou isotônico e uma garrafa de água de 600 ml. Como havia lido que teria acesso ao rio, levei só uma garrafa de água e enchi duas vezes.
  • Câmera para quem gosta de fotos. É meio chato, mas fiz toda a trilha com a câmera pendurada no pescoço. Morrendo de medo de escorregar e cair em cima da câmera, mas é mais prático que ficar colocando e tirando da mochila. Uma câmera portátil é uma boa para quem está mais preocupado com a trilha do que com as fotos.
Informações úteis
  • Tem “banheiro” no acampamento de agostini, é um casco de banheiro químico com um buraco bem fundo na terra, bem fedido, mas cumpre o objetivo. Só não esqueça de levar papel e um saquinho de lixo. Todo seu lixo volta com você (embalagens, frascos, papéis, guardanapos, etc).
  • A trilha é bem demarcada, ouvi algumas pessoas reclamarem disto nos seus relatos, talvez seja pela época. Fui no final de janeiro então muitas pessoas já haviam passado por lá e o terreno estava bem demarcado. No início da temporada deve ser mais complicado.
  • Vi várias famílias quando estava voltando, então acho que é tranquilo de levar filhos. A classificação desta trilha é fácil (em alguns mapas que encontrei).
  • Saí bem cedo para poder fazer tudo com calma, com medo de não conseguir fazer nas 6h recomendadas (ida e volta). Fiz neste tempo, forçando um pouco, mas como tem sol até as 22h no verão não precisa sair tão cedo. Cheguei no hotel às 15h!!! À tarde o clima costuma estar melhor, mas não é regra. O dia estava lindo na cidade e mesmo assim não vi nada na montanha.
  • No total foram 19,3 km desde a porta do meu hotel, ida e volta. Puxadinho para quem não está acostumado. É bom treinar algumas semanas antes. Eu fiz várias caminhadas de 10-11 km em Santos, mas é plano, quente, de tênis e sem mochila…
  • Meias e calçados confortáveis são essenciais! A dica também é cortar bem as unhas dos pés, nas descidas elas são constantemente empurradas para a base e pode dar problema. Cheguei na Hosteria com os dedões latejando e a base de uma das unhas roxa. Pensei até que ela fosse cair. Ainda bem que não, cortei beeeeeem curtinha e consegui aproveitar o resto da viagem conforme planejado. Se ela tivesse caído ia comprometer todos os outros trekkings. O roxo está saindo agora!! Ele foi sendo arrastado com o crescimento da unha…
  • Levar um relaxante muscular também é recomendável. Eu tomei um antes de dormir, apesar de só ter sentido cansaço e acordei inteira no outro dia.
  • Quem quiser, pode acampar no parque, assim não precisa ficar fazendo as trilhas ida e volta. E pode seguir de cartão postal em cartão postal, além de ter mais chance de ver os picos. Existem vários acampamentos espalhados pelo parque: De Agostini, Poincenot, Río Blanco…
  • Este fórum do Mochileiros.com tem várias informações úteis: Perguntas e Respostas e Guia de Informações.

Faz parte dos roteiros:

Veja também:

9 comentários

  • É incrível como o tempo na Patagônia é imprevisível… El Chaltén foi o ponto alto da viagem que fiz justamente por ter pegados dias lindos… acredita que usei apenas camiseta nas trilhas? No máximo colocava o fleece/anorak quando ficava parado nos mirantes por muito tempo por causa do vento…

    • Eu também fiquei alguns momentos de camiseta, bem no início desta quando o sol ainda era mais forte que o vento, mas quando começou a vir gotinhas com o vento tive que apelar para o casacão e lá na Laguna com toda a proteção possível!!

  • Que lugar lindo, hein, Carol?!!!

  • Lindo! Mas acho que não tenho disposição para este tipo de passeio! 😉

  • Me ajuda?
    Vou para El Calafate e terei dois dias livres.
    Chego na quarta meio dia e quero is para algum lugar curtir a quinta e a sexta, e voltar sexta a noite.
    Estou em dúvida entre Torres del Paine e El Chalten!
    Pretendemos fazer esse percurso de carro, somos 4 pessoas e os 4 dirigem.

  • Gostamos de trekking e não nos importamos em dirigir e caminhar horas, só queremos ver os lugares mais bonitos visto que, infelizmente teremos que escolher somente um deles. Depois disso voltamos para El Calafate onde ficaremos uns dias.
    A idéia é locar carro para fazer isso, mas se for El chaltén, talvez a gente vá de ônibus, o que for melhor para o roteiro…

    Muito obrigada!

    • Camila, são dois lugares lindos. Fico muito na dúvida em recomendar. Acho que para pouco tempo iria para El Chaltén. A distancia é quase a mesma. Dá uma olhada nos trekkings e paisagens para ver o que te agrada mais.

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